terça-feira, 24 de novembro de 2009

Regen / chuva

Regen [chuva], de Joris Ivens* é uma ode a chuva, poesia em imagens das mais sofisticadas. Em 1929, quando o cinema migrava para o sonoro, esse jovem documentarista holandês, realizou esse pequeno milagre : Regen. O filme, de 14 minutos, ainda mudo, foi o resultado de meses a fio de filmagem meticulosamente editada. E tem como trunfo um ritmo exuberante que busca acompanhar a importância da água dentro da paisagem e do cotidiano de uma cidade tão marcada pela presença dela como Amsterdã.

O dispositivo adotado passa sobretudo pelo de aproximar a água da chuva de outras superfícies igualmente úmidas ou refratárias dessa umidade: canais, calhas, poças, cisternas, clarabóias, coxias, vitrines, vidraças, o asfalto molhado, etc. Num dos planos mais belos, capta-se o rastro de luz que a água deixa sobre a cobertura preta dos guarda-chuvas. A chuva com suas transparências: o vidro, a lisura líquida dos espelhos [será que dessa placidez líquida vem a expressão “espelho d’água”?].

Boa parte da poesia de Regen vem dessa refração. Uma notícia cifrada em água. Em água caindo sobre água. E, assim, o filme recompõe com que uma sorte de poesia metereológica muito simples e sua: os ritmos dessa cidade profundamente afetada tanto pela água que cai, quanto pela que lhe meandra em margens e direções diversas. A cidade dos canais. [Amsterdã quer dizer “foz em delta do Rio Armst”]. Coordenadas cartesianas imaginadas sob a perspectiva do úmido. E, depois, desorientadas sob uma poesia curva, que implicaria numa desaprovação do austero Mondrian – para mencionar outro mestre holandês. Talvez. A chuva tem esse dom sumpremo de instalar talvezes no espírito.

O que mais encanta em Regen são os ritmos. Gente afetada pela chuva. Convivendo com ela de diferentes modos. E, como, diria Bresson, os ritmos são todo-poderosos, traduzem “o vento invisível através da água que ele esculpe passando”.

Regen é o filme de catorze minutos em que cada minuto concentra um século de lições de cinema. E não ao modo didático, frenético de um Vertov [que, de resto, não é menos instigante]; mas com a poesia, a gentileza e a humanidade dos dias em que o espírito se faz paz. E o mundo se reconcilia dentro da gente. Veja o filme nesse link:

http://www.expcinema.com/

http://www.ivens.nl/home.htm

*http://www.etudogentemorta.com/

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

meu jardim primaverado

Meu agapanto solitário/majestoso na sua unidade,
o jasmim que invadiu a cozinha e a trepadeira fúcsia,
cheia de potência...e sem nome.

domingo, 8 de novembro de 2009

Barrão



Exposição na Galeria Fortes Vilaça Imperdível!
Barrão (clique pra entrar no site da galeria)
A Galeria Fortes Vilaça tem o prazer de apresentar a exposição do artista carioca Barrão. Desde 1992 sem expor em São Paulo, Barrão apresenta dez esculturas inéditas construídas a partir de um processo de colagem de fragmentos de objetos de louça. O artista começou a trabalhar com apropriações de objetos cotidianos nos anos 1980. Desde então, já utilizou eletrodomésticos, como geladeiras, batedeiras e televisões e, mais recentemente, passou a criar esculturas com louças decorativas; sempre mantendo o interesse de subverter - com humor e ironia - o sentido original dos objetos. Barrão agrupa os pedaços de coisas, colando-os com durepox e deixando a emenda à vista na escultura finalizada. Como aponta Luis Camilo Osório, “alguns pedaços podem sugerir novas formatações e o resultado surge dos acidentes do percurso – propósito e acaso caminham juntos”. As obras são orientadas por questões escultóricas clássicas, como a preocupação volumétrica. Em todas as esculturas tem-se um volume coeso central do qual partem as extremidades. Dando preferência a objetos do imaginário popular, usados e antigos, as esculturas são carregadas de referência pop e kitsch. Para Barrão, os objetos dos quais se apropria não seguem qualquer lógica hierárquica. Seu interesse é focado nas formas, cores e tamanhos, assim, um elefante, uma caveira, um buda, uma xícara, um bule ou um gatinho, pertencem à mesma classificação.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Álvaro Siza

fotos Andrea Velloso
Fundação Iberê Camargo "A sede da Fundação foi projetada pelo arquiteto português Álvaro Siza, um dos cinco arquitetos contemporâneos mais importantes do mundo. O projeto recebeu o Leão de Ouro da Bienal de Arquitetura de Veneza (2002) e é mérito especial da Trienal de Design de Milão. No Brasil, Siza foi agraciado com a Medalha de Ordem ao Mérito Cultural em 2007 e recebeu A RIBA Gold Medal, que é um dos prêmios mais prestigiosos da arquitetura."