Regen [chuva], de Joris Ivens* é uma ode a chuva, poesia em imagens das mais sofisticadas. Em 1929, quando o cinema migrava para o sonoro, esse jovem documentarista holandês, realizou esse pequeno milagre : Regen. O filme, de 14 minutos, ainda mudo, foi o resultado de meses a fio de filmagem meticulosamente editada. E tem como trunfo um ritmo exuberante que busca acompanhar a importância da água dentro da paisagem e do cotidiano de uma cidade tão marcada pela presença dela como Amsterdã.
O dispositivo adotado passa sobretudo pelo de aproximar a água da chuva de outras superfícies igualmente úmidas ou refratárias dessa umidade: canais, calhas, poças, cisternas, clarabóias, coxias, vitrines, vidraças, o asfalto molhado, etc. Num dos planos mais belos, capta-se o rastro de luz que a água deixa sobre a cobertura preta dos guarda-chuvas. A chuva com suas transparências: o vidro, a lisura líquida dos espelhos [será que dessa placidez líquida vem a expressão “espelho d’água”?].
Boa parte da poesia de Regen vem dessa refração. Uma notícia cifrada em água. Em água caindo sobre água. E, assim, o filme recompõe com que uma sorte de poesia metereológica muito simples e sua: os ritmos dessa cidade profundamente afetada tanto pela água que cai, quanto pela que lhe meandra em margens e direções diversas. A cidade dos canais. [Amsterdã quer dizer “foz em delta do Rio Armst”]. Coordenadas cartesianas imaginadas sob a perspectiva do úmido. E, depois, desorientadas sob uma poesia curva, que implicaria numa desaprovação do austero Mondrian – para mencionar outro mestre holandês. Talvez. A chuva tem esse dom sumpremo de instalar talvezes no espírito.
O que mais encanta em Regen são os ritmos. Gente afetada pela chuva. Convivendo com ela de diferentes modos. E, como, diria Bresson, os ritmos são todo-poderosos, traduzem “o vento invisível através da água que ele esculpe passando”.
Regen é o filme de catorze minutos em que cada minuto concentra um século de lições de cinema. E não ao modo didático, frenético de um Vertov [que, de resto, não é menos instigante]; mas com a poesia, a gentileza e a humanidade dos dias em que o espírito se faz paz. E o mundo se reconcilia dentro da gente. Veja o filme nesse link:
2 comentários:
het regen, het regen de pannetjes worden nat...
adorei!
estou chegando dia 5 de dez no BR
vamos tomar um cha?
mas sem chuva por favor...
xx
P.
eba!
venha me ver no meu lounge particular...rs...
estou de cama...mas os amigos tem vindo e se jogado aqui comigo
gostoso...
Te espero sem dúvida!
O chá vai ser de cevada, ok? e bem gelado...rs...
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