sábado, 27 de fevereiro de 2010

Maya Deren

Maya Deren faz bem em qualquer momento. Uma grande inspiracão.
O trabalho de Deren, que foi também dançarina, escritora, poetiza,
coreógrafa e fotógrafa, influenciou o olhar de toda uma geração de cineastas, como Kenneth Anger,
Jonas Mekas, Stan Brakhage e Michael Snow.* *Com uma produção de marcado interesse pela temática do sonho, reflexão, ritmo, visão, ritual e identidade, Deren fez filmes que conversam com campos como a dança e a psicanálise, e foi ao mesmo tempo diretora, roteirista, editora e atriz em vários deles.
*Filmando com pouquíssimo orçamento, ela iniciou sua carreira pioneira ao lado de artistas tão vanguardistas como Marcel Duchamp* e produziu seus trabalhos na contracorrente de Hollywood, terminando por influenciar a própria Indústria, que incorporou elementos de sua obra na produção de cineastas hoje consagrados como David Linch. Seus filmes inovam pela profundidade dos temas e pela ousadia na estruturação da narrativa, que utiliza recursos simples e extrema criatividade – como a continuidade do movimento do ator ou dançarino que leva a uma mudança de espaço físico – para criar efeitos de descontinuidade na cena, estabelecer múltiplos olhares
simultâneos e desdobrar diversas camadas de sentido.Um aspecto único em seu trabalho é que, por meio de uma seqüência de planos
ora objetivos, ora subjetivos, ela explora a não-linearidade da narrativa e brinca com a noção de tempo e espaço do espectador. De maneira igualmente notável, Deren utiliza o recurso da repetição, como em seu primeiro filme,
*Meshes of the Afternoon (1943)*, que elementos de forte sentido psicanalítico – uma faca, uma chave, uma flor e uma alameda – são mostrados de forma repetida e rítmica, quebrando novamente a expectativa de linearidade e lançando o espectador numa narrativa circular que o convoca constantemente a reorganizar sua compreensão do filme.
Sua produção é relevante tanto por suas qualidades artísticas e estéticas quanto por sua importância histórica, pois se trata do trabalho de uma cineasta que marcou decisivamente a linguagem e o olhar do cinema desde o pós-guerra até os nossos dias.
Veja o filme aqui:

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