segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Meeting Andrei Tarkovsky



Esse filme doc foi especial. O primeiro filme da 32˚ Mostra Int. de Cinema.
O diretor Dmitry Trakovsky entrevistou 15 pessoas que viveram e trabalharam com 
Andrei Tarkovsky na Itália, na Suécia e na Rússia. Encontra amigos dele, diretores, montadores, atores...
enfim...um percurso intenso pra entender os pequenos e fortes detalhes, as marcas profundas que as pessoas dizem que mudavam a vida de forma clara.
Ele acredita que a Morte não existe, e o filme penetra em imagens quase secretas de cada um, memórias que foram abaladas pela presença do silêncio e existência de Tarkovsky.
Quero muito ver Stalker, 1979, onde ele revela a importância da fragilidade, que é típica da juventude e flexibilidade, enquanto o poder vem da rigidez e velhice. Incrível os personagens irem para uma "zona" na Estônia, atrás do quarto, que se conseguissem entrar, poderiam realizar seus desejos mais íntimos...Ficção científica filosófica. Cinema puro. Os planos são longos a ponto de te levar a muitas versões particulares, enquanto o tempo transcorre numa outra dimensão. Um filme sobre a fé. Os corpos, os objetos, as paisagens, o vento, a neve, tudo no filme responde a essa idéia que não sabemos exatamente o que representa, que não mostra sua face definitiva (ainda que o final entregue algumas de suas coordenadas), mas que incrivelmente existe e é o que fornece solo firme para o filme ser o que é: um estudo cuidadoso sobre a movimentação de corpos e a topografia de uma superfície (da imagem, dos rostos, das paredes) para além de qualquer noção prévia de profundidade. Em Stalker, as aparências são o jogo atraente da vastidão de superfície, algo muito distinto da acepção pejorativa – e mais usual – que as toma em oposição a essência.
 
No último disco da Bjork (“Volta”, 2007) há uma bela canção chamada “The Dull Flame of Desire”, dueto com o Antony Hegarty (do Antony and the Johnsons) que segue a tradição de baladas orquestrais da islandesa. A música é uma versão cantada de um poema do russo Fedor Tyutchev (1803-1873)

Now the summer has passed.
It might never have been.
It is warm in the sun,
But it isn’t enough.

All that might’ve occurred
Like a five-fingered leaf
Fluttered into my hands,
But it isn’t enough.

Neither evil nor good
Has yet vanished in vain,
It all burned and was light,
But it isn’t enough.

Life has been as a shield,
And has offered protection.
I have been most fortunate,
But it isn’t enough.

The leaves were not burned.
The boughs were not broken,
The day clear as glass,
But it isn’t enough.

by Arseny Tarkovsky

a cena final...maravilhosa!

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